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CÂNCER de mama

O câncer incide como doença crônica, caracterizada pelo crescimento celular desordenado, resultante de modificações no código genético. Cerca de 10% das neoplasias resultam da herança de genes associados ao câncer, que sofrem danos físicos, químicos ou biológicos de maneira cumulativa (AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER, 2007).
As doenças neoplásicas apresentam-se como acentuado problema mundial de saúde, sendo responsáveis por 7 milhões de óbitos anualmente. Os tumores de pulmão, estômago, cólon e mama exibem as mais elevadas taxas de mortalidade. Em 2020, estima-se que a incidência de câncer será de 15 milhões de casos em todo o mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).
 A neoplasia da mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o que mais acomete mulheres. Exibe altas taxas de mortalidade, comprometendo desde países em desenvolvimento até países desenvolvidos (BRASIL, 2007; IGENE, 2008).
Excluindo a idade acima dos 50 anos que de longe é o principal fator de risco, os estudos apontam que a mutação dos genes BRCA-1 e BRCA-2 estão relacionados ao câncer de mama numa proporção de 20-35%. Estes genes são passados de uma geração para outra, demostrando assim, a relevância da associação do desenvolvimento da doença com o histórico familiar (MOREIRA, 2004; NAROD, 2004).
Os genes BRCA-1 e BRCA-2 são chamados supressores de tumor e podem ser agrupados em duas categorias: a dos "caretakers” e a dos "gatekeepers". Os genes caretakers suprimem o crescimento neoplásico, codificando proteínas que operam na conservação da integridade do genoma (LEVITT e HICKSON, 2002; HOEIJMAKERS, 2001). Por sua vez, os genes gatekeepers atenuam a proliferação celular e/ou acrescem a apoptose celular, resguardando a célula de um crescimento desordenado. Desta maneira, qualquer mutação que venha a acomete-los contribuem diretamente para o desenvolvimento tumoral (MACLEOD, 2000; SIMAO, RIBEIRO et al, 2002; KUROSE, GILLEY et al, 2002).
Existem inúmeros outros motivos que levam ao desenvolvimento do câncer de mama. Dentre eles estão os fatores genéticos e a relação dos hábitos e costumes com os diferentes ambientes. O ambiente natural (água, terra e ar), as influências do exercício físico na qualidade de vida, as atividades ocupacionais (indústrias químicas, agrotóxicos etc.), o ambiente de consumo alimentar e medicamentoso, além dos ambientes social e cultural (INCA, 2016).



Sintomas:

  • Alterações do tamanho ou forma da mama;
  • Vermelhidão, inchaço, calor ou dor na pele da mama;
  • Nódulo ou caroço na mama, que está sempre presente e não diminui de tamanho;
  • Inchaço e nódulos frequentes nas ínguas das axilas;
  • Assimetria entre as duas mamas, como, por exemplo, uma muito maior que a outra;
  • Presença de um sulco na mama, como se fosse um afundamento de uma parte da mama;
  • Endurecimento da pele da mama, semelhante a casca de laranja;
  • Coceira frequente na mama ou no mamilo;
  • Formação de crostas ou feridas na pele junto do mamilo;
  • Liberação de líquido pelo mamilo, especialmente sangue;




Fatores de risco:

  • Histórico familiar
  • Idade (mulheres entre 40 e 69 anos)
  • Menstruação precoce
  • Menopausa tardia
  • Reposição hormonal 
  • Colesterol alto (O colesterol é a gordura que serve de matéria prima para a fabricação do estrógeno. Dessa forma, mulheres que altos níveis de colesterol tendem a produzir esse hormônio em maior quantidade, aumentando o risco de câncer de mama.)
  • Obesidade


Diagnóstico de Câncer de mama:

Além da mamografia, ressonância magnética, ecografia e outros exames de imagem que podem ser feitos para identificar uma alteração suspeita de câncer de mama, é necessário fazer uma biópsia do tecido coletado da mama. Nesse material da biópsia é que a equipe médica identifica se as células são tumorosas ou não. Caso seja feito o diagnóstico, os médicos irão fazer o estudo dos receptores hormonais para saber se aquele tumor expressa algum ou não, além de sua classificação histológica. O tratamento vai ser determinado pela presença ou ausência desses receptores na célula maligna, bem como o prognóstico do paciente.



Tratamento de Câncer de mama:

Existem diversos tratamentos para o câncer de mama, que podem ser combinados ou não. Todo câncer deverá ser retirado ou uma cirurgia, que pode ser parcial ou total – entretanto, em alguns casos pode ser que a cirurgia seja combinada ou com outros tratamentos. O que vai determinar a escolha do tratamento é a presença ou ausência de receptores hormonais, o estadiamento do tumor, se já apresenta o diagnóstico com metástase ou não. Outro fator determinante para o tratamento é a paciente e qual o seu estado de saúde e época da vida. Tratar o câncer de mama em uma mulher de 45 anos, saudável, é completamente diferente de fazer o tratamento em uma mulher com 80 anos e doenças relacionadas – ainda que o tipo e extensão do câncer sejam exatamente iguais. Nesse caso, deve ser levado em conta o impacto dos tratamentos e se eles irão interferir na qualidade de vida da paciente. Os tratamentos são divididos entre terapia local e terapia sistêmica:
  1. Terapia local
O câncer de mama tratado localmente será submetido a uma cirurgia parcial ou total seguida de radioterapia:
  • Cirurgia: é a modalidade de tratamento mais antiga. Quando o tumor encontrase em estágio inicial, a retirada é mais fácil e com menor comprometimento da mama.
  • Radioterapia: terapia que usa radiação ionizante no local do tumor. É muito utilizada para tumores que ainda não se espalharam e não metástases, para os quais não é necessária a retirada de grande parte da mama. A radioterapia também pode ser usada nos casos em que o câncer de mama não pode ser retirado completamente com a cirurgia, ou quando se quer diminuir o risco de o tumor voltar a crescer. Dura aproximadamente um mês.
   2. Terapia sistêmica
O tratamento sistêmico se faz com um conjunto que medicamentos que serão infundidos por via oral ou diretamente na corrente sanguínea. Em ambos os casos, o tratamento não é feito de forma local – ou seja, o medicamento irá circular por todo o organismo, inclusive onde o tumor se encontra. Há três modalidade de terapia sistêmica:
  • Quimioterapia: tratamento que utiliza medicamentos orais ou intravenosos, com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes. A quimio pode ser feita antes ou após a cirurgia, e o período de tratamento varia conforme o câncer de mama e a paciente.
  • Hormonioterapia: tem como objetivo impedir a ação dos hormônios que fazem as células cancerígenas crescerem. A hormonioterapia, portanto, só poderá ser utilizada em pacientes que apresentam pelo menos um receptor hormonal. Essa terapia no geral é feita via oral, e as drogas agem bloqueando ou suprimindo os efeitos do hormônio sobre o órgão afetado.
  • Terapia alvo (anticorpos monoclonais): também conhecido como terapia anti HER-2, essa modalidade é constituída de drogas que bloqueiam alvos específicos de determinadas proteínas ou mecanismo de divisão celular presente apenas nas células tumorais ou presentes preferencialmente nas células tumorais. São medicamentos ministrados geralmente via oral. Quando o tumor expressa a proteína HER-2 em grande quantidade, por exemplo, são utilizadas drogas que irão destruir essas células especificamente. Existem outras proteínas ou processos celular que podem se acentuar no tumor e intensificar seu crescimento, e as drogas da terapia alvo irão agir nesses pontos específicos.
Caso o tumor tenha grande extensão, pode ser que o médico recomende uma terapia sistêmica inicialmente, para diminuir o tamanho do câncer de mama e assim fazer a cirurgia parcial. Se o câncer apresentar metástases, a terapia sistêmica também é indicada, já que as drogas agem no corpo inteiro, encontrando focos do tumor e eliminando. A escolha do tratamento tem que levar em conta a curabilidade da doença e a tolerância à toxicidade do tratamento (algumas mulheres não podem se expor a tratamentos muito severos durante um longo período). Pacientes que sofreram metástases deverão se submeter ao algum tratamento sistêmico para o resto da vida, além do acompanhamento clínico.


Referências
Disponível em : http://www.minhavida.com.br/saude/temas/cancer-de-mama 
AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH/ WORLD CANCER RESEARCH FUND. Food, nutrition, physical activity, and the prevention of cancer: a global perspective. Washington DC: American Institute for Cancer Research; 2007.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Ações de enfermagem para o controle do câncer. 3ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Agency for Research on Cancer. World Cancer Report. Lyon: IARC Press; 2008.

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